Quando alguém opta por consumir de produtores regionais, se envolve com uma cooperativa ou participa de iniciativas da vizinhança, está contribuindo para um futuro mais sustentável – mesmo sem se dar conta. A sustentabilidade não começa nas grandes conferências, mas nas escolhas do dia a dia, feitas por pessoas comuns. Em 2025, esse debate ganha ainda mais força com dois eventos de alcance global: a COP30, que acontece em Belém (PA), e o Ano Internacional das Cooperativas, promovido pela ONU sob o lema “Cooperativas constroem um mundo melhor”.
A coincidência desses marcos nos convida a pensar: como as cooperativas podem ampliar sua atuação diante dos desafios ambientais, sociais e econômicos da atualidade? Foi com esse espírito que nós, da UFAC e da ESCOOP, produzimos um artigo que foi recém-publicado (out/25) e que analisou os 13 artigos entre os mais citados no mundo sobre sustentabilidade, indexados na base Web of Science, entre os anos de 2020 e 2023.
Com uso de softwares buscamos entender o que os estudos mais influentes têm dito sobre o tema. E o que encontramos é preocupante: a sustentabilidade, nesses artigos, está fortemente concentrada na dimensão ambiental (38% das referências), com pouco espaço para aspectos econômicos (23%) e ainda menos para os sociais (12%). A dimensão institucional, tão importante para garantir que ideias virem políticas e práticas nos territórios, praticamente não aparece.
Como já afirmavam Veiga (2015) e Sen (2010), a sustentabilidade exige o equilíbrio indissociável entre as dimensões. É aí que as cooperativas podem fazer a diferença. As cooperativas existem gerar resultado econômico que sustente a promoção do bem-estar coletivo, com base na ajuda mútua, na participação democrática e na responsabilidade com a comunidade.
Isso nos faz pensar que as cooperativas podem refletir sobre suas práticas à luz dessa visão de sustentabilidade: apoiar empresas e produtores da própria região, reduzir cadeias de consumo, incentivar práticas ambientais e reinvestir resultados no desenvolvimento regional são caminhos concretos para isso.
Mais do que atender a pressões externas, trata-se de fortalecer o que já está na essência cooperativista: o compromisso com o território e com as pessoas que nele vivem.

Em um ano simbólico como este, em que o mundo volta os olhos para o Brasil na COP30 e reconhece o papel das cooperativas na construção de um mundo melhor, fica o convite: que cada cooperativa, cada associado e cada cidadão reconheça seu papel nas pequenas e grandes decisões do cotidiano. Porque a sustentabilidade que realmente transforma começa onde moramos e quando decidimos agir, juntos.
Sobre Deivid Ilecki Forgiarini

Deivid Ilecki Forgiarini é especialista em Identidade Cooperativista e Gestão, dedicado a tornar os conceitos do cooperativismo mais acessíveis e a aproximar pessoas. Com uma visão prática e linguagem simples, defende que as boas ideias só têm real valor quando contribuem para o desenvolvimento sustentável. Enxerga no cooperativismo uma poderosa ferramenta de transformação social e fortalecimento das comunidades. Atualmente, atua como professor na Universidade Federal do Acre e coordena o Mestrado Profissional em Administração Pública, após uma sólida experiência como coordenador da graduação na Escoop – SESCOOP/RS.
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