Muita gente ainda associa democracia, dentro de uma cooperativa, ao momento da assembleia: levantar a mão, votar, aprovar ou reprovar algo. Mas será que isso é suficiente para uma organização se dizer verdadeiramente democrática?
Essa pergunta foi o ponto de partida para um artigo que escrevemos e que acabou de ser publicado na Revista de Gestão e Organizações Cooperativas. O texto faz uma revisão crítica de mais de 40 estudos sobre democracia em cooperativas ao redor do mundo. A ideia era investigar se, na prática, os princípios democráticos são vividos ou apenas citados nos discursos.
O que encontramos foi um certo padrão: muitas cooperativas mantêm uma estrutura democrática formal, mas enfrentam dificuldades para concretizar a participação real dos seus cooperados. Estrago (2023) chama de “dissonância cooperativa” este vão entre o que se declara e o que se faz. Ao longo da pesquisa, identificamos três dimensões fundamentais da democracia:
- A participativa, que envolve o engajamento cotidiano dos cooperados;
- A deliberativa, que promove o debate aberto e respeitoso sobre os rumos da cooperativa;
- E a representativa, necessária especialmente em cooperativas maiores, mas que não pode romper o vínculo com a base.
Assim sugerimos que democracia cooperativista acontece quando essas três dimensões se encontram. Ela vai além do voto. Ela está no processo de escutar, construir e decidir junto. Está no entendimento de que cooperativa é uma organização de pessoas — e só faz sentido se essas pessoas tiverem voz ativa.
Mas nada disso acontece por acaso. Democracia exige preparo, espaços adequados e uma cultura organizacional que valorize a participação. E tudo começa com educação cooperativista, diálogo e escuta. Se você quer entender melhor esse tema — ou refletir sobre como ele aparece (ou não) na sua cooperativa — eu te convido a ler o artigo completo clicando aqui.
Democracia não é evento. É convivência. É construção. E nas cooperativas, ela só existe de verdade quando cada cooperado entende que participar não é só um direito — é um compromisso com todos.

Deivid Ilecki Forgiarini é especialista em Identidade Cooperativista e Gestão, com a missão de descomplicar conceitos e conectar pessoas. Com uma abordagem leve e prática, acredita que boas ideias só fazem sentido quando promovem desenvolvimento sustentável, enxergando no cooperativismo uma importante ferramenta para transformar vidas e fortalecer comunidades. Atualmente, é professor na Universidade Federal do Acre e coordena o mestrado profissional em Administração Pública, após uma longa trajetória como coordenador da graduação na Escoop – SESCOOP/RS.
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